domingo, 4 de novembro de 2007

Poeta Pepe Moraes (Adm. de Empresas/ Poeta)




Não sou um Manuel Bandeira,
Drummond, nem Jorge de Lima;
Não espereis obra-prima
Deste matuto plebeu!
Eles cantam suas praias,
Palácios de porcelana,
Eu canto a roça, a cabana,
Canto o sertão...que ele é meu!

Pede ó lira inexpressiva,
(Antes que o tempo te empoeire)
Piedade a Gilberto Freyre,
Lins do Rêgo e Álvaro Lins!
Carpeaux! Rachel! Milliet!
Ó donos de suplementos!
Tolerai, por uns momentos,
Cem folhas de versos ruins!

Bem sei que até vos afronta
Esta minha pena rude,
Sem talento e sem virtude,
Sem beleza de expressão,
Que devia estar no mato,
Entre garranchos e espinhos,
Esquecida nos caminhos
Que dormem brancos--no chão!

Contudo, peço licença
Ao majestoso recinto,
Para dizer o que sinto,
Para expor o que escrevi...
São retalhos diferentes,
Bordados de várias cores,
Linhas de risos e dores
Do que gozei... e sofri!

Rabisquei de pena solta,
Ora inquieto, ora tranquilo,
Sem fazer questão de estilo,
Sem polir, sem burilar...
Que preconceito de escolas!!!
Arre, com tanta exigência!!!
O que me veio à cadência,
Deixei correr, transbordar...

Comecei cantando trovas,
Com repentistas nativos;
Depois, por vários motivos,
Vim prá Cidade - de vez;
Troquei a calça riscada
E o paletó de "roda"
Pelo jaquetão da moda,
Colarinho e pince-nez!

Quando deixei as caatingas
E cheguei cá na Cidade,
Diante da Civilidade
Quase morri de um "ataque"
Comecei a ler Castro Alves,
Guerra Junqueira e Tobias,
Catulo, Gonçalves Dias,
Varela, Cruz e Bilac!

E de todos esses mestres
Tive uma influência forte;
Deixei as várzeas do Norte,
Quis subir como um Condor...
Muito mais antes guardasse
Meu estilo e minha escola
Com o mesmo som da viola
De quando fui cantador!

Agora é tarde... impossível!
O contágio da Cidade
Mata a originalidade
E impõe-nos mais o pecado
De ficarmos no entremeio,
deste e daquele reduto,
Com o complexo de matuto
Que quer ser civilizado!

Esse pobre é um passadista,
Um retardado atrevido,
Que devia ter nascido
Quando Dom Pedro nasceu;
Bem faria se estivesse
Chorando sobre taperas
Declamando as "Primaveras"
De Casimiro de Abreu!



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QUANDO

Quando a saudade surgindo...
Você vier a sentir a sua dor.
Lembre-se que estarei sentindo,
O mesmo por você, meu amor.

Quando em mim pensar num instante,
Olhos umedecerem de amor.
Lembre que de você, é vibrante
O poder que acaba o ardor.

Quando o sol perder o horizonte,
Lembre-se, estarei contemplando
Olhando-o se pôr, bem lá distante.

Quando sonhos estiverem voando,
Em seu puro coração amante.
Lembre-se amor...estou esperando.




By: PEPE MORAES.

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